Archive for the Meu baú Category

Olhos sem Rosto

Posted in Meu baú on 29/05/2010 by AreaJ

Billy Idol foi a Barbie do Supla – “tudo que ele queria ser“. Estes dias, numa conversa, lembrei dele (do Idol, lógico!) e como ele era cool. No meio disso, uma canção que marcou minha fase dos 20 anos (o que praticamente foi ontem, ok? ha ha ha).

Resgatando Nina Hagen

Posted in Meu baú on 19/05/2010 by AreaJ

Na falta de novidades musicais para preencher os momentos caseiros, tive que vasculhar a minha coleção de CDs, há muito tempo guardada. Na verdade fui incentivado a fazer isso enquanto buscava algumas trilhas para produção dos meus vídeos de trabalho. Foi nessa busca que resgatei todo tipo de salada sonora, desde o lounge dos meus Café Del Mar, o dance do Deee-Lite, o trip hop do Massive Attack, o acid jazz de Thievery Corporation até o som misto de tecno-opera-punk-rock de Nina Hagen. E foi neste último que acabei me prendendo de novo nas últimas semanas, após passados 20 anos em que eu perturbava minha mãe com as versões em bolachas de vinil.

Aí fui resgatar um pouco mais de Nina no Youtube. As letras estranhas, o deboche, as personagens, as caras engraçadas, as mil vozes…tudo lá. E não é que ela ainda é o máximo?! Mesmo os álbuns dela cantado em alemão (e eu não entendendo patavina), são ótimos só pela sonoridade e pelas coisas que ela é capaz de fazer com a voz.

A discografia de Nina Hagen é vasta. Vem desde a época de puro punk rock em alemão até a atmosfera mais zen-hindu-extraterrestre.

Meu álbum preferido é NunSexMonkRock pelos arranjos com efeitos eletrônicos e músicas totalmente atemporais. Este foi gravado nos Estados Unidos e em inglês. Na capa, Nina posa com a filha recém-nascida Cosma Shiva que também é nome de uma faixa do disco. É deste álbum também, a música do seu clip mais difundido no programa Som Pop da TV Cultura nos anos 80 (naquela época a MTV ainda não tinha chegado por aqui): Smack Jack.

Ainda nos Estados Unidos, Giorgio Moroder, o pai da disco music, produziu o álbum Fearless de onde saiu o hit New York, New York (não é a mesma do Frank Sinatra e Liza Minelli, ok?). Todas as discotecas tocavam a música. Foi a fase mais comercial e de projeção de Nina.

Chegou o momento do Rock in Rio e Nina Hagen fez sua apresentação maluca e sensacional. Nem cogitei a possibilidade de ir assistir ao vivo e me consolei vendo os momentos pela Globo.

Mas, logo depois veio a melhor notícia: Nina iria voltar ao Brasil para uma turnê e tinha agendado uma apresentação em São Paulo, no Ginásio do Ibirapuera. Ueba! Mal podia acreditar. E lá fui eu…

No final do show, lembro da minha vergonhosa tietagem (ok, na casa dos 20 quase tudo é permitido). Esperei a saída de Nina e banda pelo fundo do ginásio onde acabaram saindo em um ônibus. Eu não estava sozinho por lá e ainda presenciei tietagem bem pior que a minha. Nina fazia suas caretas e dava tchauzinho pra galera. Lembro de ter chamado a atenção dela para uma foto. Deu certo. Foi o que restou daquela noite.

Consegui pegar Nina Hagen no final do show.

Enfim, descobri que Nina Hagen não destoa hoje, mesmo depois de consumir diversos tipos de sons e influencias que surgiram depois dela no decorrer dos anos 90 e 2000. Ao contrário, o prazer em ouvi-la foi apenas resgatado e é tão bom quanto antes.

Mais Nina Hagen: www.ninahagen.com

Clip de “Smack Jack

Homenagem à Zarah Leander, atriz e cantora dos anos 30 – Zarah

Escapada para o dance music anos 90. Trecho de “Get your Body” – parceria com Adamski

O dia que Dulce passou pela minha vida

Posted in Meu baú on 06/05/2010 by AreaJ

Quando a gente fica assim meio entediado, acho que um bom antídoto é se distrair com algumas lembranças que valeram a pena ter vivido nesta vida. Lembrar de pessoas com quem se teve a oportunidade de compartilhar momentos, experiências únicas… Tenho muitas.

Uma dessas boas experiências, eu trago na lembrança com carinho e principalmente por ter sido proporcionada por Dulce Damasceno de Brito.

Sempre fui meio obcecado por cinema. Hoje não me considero obcecado, mas acho que eu era mais. O fato a seguir só pode significar isso.

Eu lia de tudo sobre cinema e TV. Gastava a grana que não tinha comprando as revistas importadas da Rona Barrett só para saber as novidades. Pois é, nenhum mortal naquela época dos anos 80 nem sonhava com internet e a velocidade da informação era bem mais lenta. Então, enquanto os dinossauros circulavam pelos campos, eu me atualizava tranquilamente com as revistas. Eu até tinha a minha própria fanzine Hollywoodiana, um scrapbook tosco que circulava para os colegas da escola lerem (putz! Me lembrei disso agora. Que vergonha.)… Mas fazia sucesso.

Já com as publicações nacionais, eu só perdia tempo com uma específica no intuito de ler a coluna da Dulce que era jornalista e tinha escrito o livro “Hollywood Nua e Crua” sobre sua fase de correspondente de Hollywood para o Brasil nas décadas de 1950 e 1960.

Eu gostava tanto de ler sua coluna que um dia resolvi escrever para ela manifestando minha admiração. Totalmente tiete mesmo.

Então, o inesperado aconteceu.

Não é que ela me respondeu?! E mais: ela me chamou para ir visitá-la em sua casa! E mais ainda: ela mandou seu telefone e endereço! Fiquei de cara.

Mas, já parcialmente recuperado, liguei para ela, que foi simpaticíssima, e combinamos o dia do encontro.

Chegado o tal dia, lá fui eu todo emocionado e lembrando do que li no livro dela sobre os astros que tinha conhecido e entrevistado. Nem acreditava que iria conhecer a mulher que conheceu toda aquela gente que eu adorava também e só via nas reprises da sessão da tarde ou da sessão coruja.

Dia bonito e ensolarado. Andei pelo bairro procurando o endereço que ela tinha me dado. Sua casa, um sobrado, ficava numa rua paralela à Avenida Indianópolis, em São Paulo. Achei! Ao tocar a campainha, logo surgiu aquela senhora simpática e sorridente. O chinelinho e o delineador nos olhos se destacavam. Não sei porque marquei estes dois detalhes… Acho que um não combinava com o outro, talvez… E eu, tímido (sim, eu era tímido)… Não sei nem como consegui ter coragem de chegar lá e ainda tocar a campainha.

Ela logo me convidou para entrar e tudo foi o máximo. Ficamos no seu estúdio, onde ela costumava escrever suas colunas na maquininha. Muitos papéis, fotos na parede e estantes de livros. Uma cadeira de diretor de cinema enfeitava um canto.

Contou-me algumas histórias, mostrou muitas fotos fantásticas, ofereceu um copo de suco e falou o quanto adorava o John Travolta enquanto mostrava uma foto na parede de uma passagem dele pelo Rio. Era o astro da nova geração que ela mais admirava naquela época.

Quando contei que fazia e gostava de teatro, ela comentou que a sua filha Audrey também estava se preparando para se tornar atriz.

Em certo momento ela me presenteou com um cromo (um slide, negativo para foto impressa) com a foto de Farrah Fawcett jogando tênis. Isso foi logo depois que eu contei que era fã ardoroso da pantera (se ainda sou, imagine na época). Enquanto babava no cromo eu perguntei se ela chegou a conhecê-la pessoalmente ou tinha tido algum contato. Ela disse que não, mas que tinha excelentes referências sobre Farrah.

No final do encontro, saí da casa de Dulce nas nuvens. Ela sempre mencionou, em suas publicações, o quanto era bem relacionada e bem tratada pelos grandes nomes do cinema quando tinha que fazer uma entrevista ou era convidada para as festas glamurosas. Alguns até se tornaram amigos íntimos dela como Kim Novak e Carmem Miranda. Mas, não foi a toa. Dulce era iluminada. Da mesma estirpe dos seus ídolos. O mesmo tratamento que, imagino, ela recebeu deles, ela me deu. Era simples, elegante e simpática.

Só uma pessoa especial assim poderia dedicar algumas horas da sua vida para compartilhar sua bagagem de conhecimento com um jovem estranho que, assim como ela, adorava viajar no mundo do cinema. Certamente sua empatia comigo veio daí, não sei… Mas, sou grato por ela ter feito isso pra mim.

Durante um período trocamos alguns telefonemas e informações de publicações que saiam sobre cinema em geral. Isso rolou até perdermos o contato de vez. Anos depois, mais recentemente, eu costumava ler a sua coluna na revista de cinema Set… Até o dia em que eu soube que ela tinha falecido. Isso foi em 2008.

Tenho certeza que ela está vivendo agora aquele mundo fantástico da década de ouro de Hollywood cercada pelas estrelas que ela amava. Afinal, este era o verdadeiro mundo dela.

Foi uma pena não ter compartilhado com Dulce por mais tempo e ter fortalecido a amizade. Ela foi uma dessas pessoas que, por alguma razão especial, passam pela vida da gente e muitas vezes não nos damos conta disso…

Valeu, Dulce!

com Kim Novak

com Carmem Miranda

com Elvis Presley

com Marilyn Monroe

com Marlon Brando

com Bette Davis

com John Travolta